Ansiedade é eleita a palavra do ano de 2024, apontando sobrecarga emocional dos brasileiros
- Andrei Nardi
- 30 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Pesquisa revela que o termo reflete as rápidas transformações e incertezas da era atual
A palavra ansiedade foi escolhida como o termo do ano de 2024 em pesquisa conduzida pela CAUSE em parceria com o Instituto IDEIA e a PiniOn. O levantamento contou com 1.538 brasileiros de todas as regiões do país, utilizando uma amostra representativa com base nos dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com 22% das menções, ansiedade liderou entre os termos sugeridos por especialistas, seguida por resiliência (21%), inteligência artificial (20%), incerteza (20%) e extremismo (4%). A escolha reflete o impacto emocional das mudanças rápidas e muitas vezes desorientadoras que caracterizam o Brasil e o mundo contemporâneo.
Por que ansiedade?
Leandro Machado, cientista político e sócio-fundador da CAUSE, explica que a palavra ansiedade encapsula um período em que a pressão econômica, as transformações tecnológicas e as ameaças ambientais geram uma sensação constante de instabilidade. “Essa palavra reflete um país que busca estabilidade em meio à complexidade. As pessoas sentem que estão sempre um passo atrás, tentando se adaptar a mudanças rápidas e imprevisíveis”, analisa Machado.
Cila Schulman, CEO do Instituto IDEIA, destaca que a ansiedade no Brasil transcende o nível individual. “Ela está conectada a um contexto social mais amplo, onde o impacto das redes sociais e o ritmo acelerado das mudanças geram uma sobrecarga emocional e mental. Isso é um alerta para governos e organizações sobre a necessidade de estratégias que ajudem a mitigar essa pressão coletiva.”
Um cenário preocupante
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil lidera o ranking de pessoas ansiosas, com 9,3% da população sofrendo de transtornos relacionados. A psicóloga Larissa Fonseca, especialista em crises ansiosas, síndrome do pânico e burnout, reforça que o excesso de tempo em telas e a urgência do mundo digital contribuem para essa realidade.
“Estamos vivendo em um ritmo de urgência constante, onde a intolerância às incertezas e a pressão por corresponder às expectativas alheias geram desgaste mental. A fuga para o digital está dificultando a conexão emocional entre as pessoas, ampliando o negativismo em relação às perspectivas econômicas, políticas e de segurança pública”, afirma Fonseca.
Sintomas de ansiedade
Segundo o Manual MSD, a ansiedade pode manifestar-se de forma física e emocional, incluindo sintomas como:
Náusea, vômito e diarreia
Falta de ar
Palpitações e frequência cardíaca acelerada
Tensão muscular e aperto no peito
Sudorese
Além disso, há uma tendência ao negativismo, preocupação excessiva com a opinião alheia e dificuldade em lidar com frustrações cotidianas.
Sinais para reflexão e mudança
A eleição da palavra ansiedade como destaque de 2024 evidencia a necessidade de maior atenção à saúde mental dos brasileiros. Para especialistas, compreender os impactos desse cenário é essencial para criar estratégias de enfrentamento em diferentes esferas: pessoal, social e institucional.
Com o aumento dos quadros graves, como crises de ansiedade, síndrome do pânico e Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG), fica claro que há uma demanda urgente por ações que promovam o bem-estar e equilibrem o impacto das transformações contemporâneas na vida das pessoas.

Comments