Modelos meteorológicos apontam mais 150 a 300 mm de chuva em áreas já inundadas
As projeções mais recentes de chuva, atualizadas no início desta quarta-feira (1º), indicam um cenário alarmante para o Rio Grande do Sul. As regiões mais afetadas por inundações estão previstas para receber acumulados de precipitação extremamente altos, exacerbando a situação de desastre já existente no estado.
Nos últimos cinco dias, vários municípios do Centro e do Nordeste do Rio Grande do Sul registraram entre 300 mm e 500 mm de chuva. Os modelos de previsão do tempo globais e de alta resolução indicam que essas regiões podem receber mais 150 mm a 300 mm de chuva no restante desta semana e no fim de semana.
O estado já registra oficialmente 10 mortes e mais de 20 desaparecidos. A instabilidade climática persiste no Rio Grande do Sul, com uma grande massa de ar seco e quente bloqueando o Centro do Brasil. Isso canaliza a umidade da Amazônia para o Sul, até o Rio Grande do Sul e o Uruguai.
Mesmo com a chegada de uma frente fria nesta quinta-feira, o ar úmido e instável continuará atuando no Sul do Brasil. O ar mais quente começará a retornar no final da semana, mantendo a instabilidade.
A combinação de umidade abundante com uma atmosfera muito aquecida forma áreas de instabilidade fortes a intensas, com volumes de chuva excessivos e temporais isolados com granizo e vendavais.
Os modelos de alta resolução WRF, inicializados com os modelos norte-americano (GFS) e europeu (ECMWF), mostram as últimas projeções de chuva para 72 horas, entre 21h de terça e 21h de sexta. Ambos os modelos apontam volumes de chuva excessivos.
Os dados indicam que localidades do Centro para o Norte do estado serão as mais afetadas com chuva neste intervalo de 5 dias de 150 mm a 300 mm. Essas áreas de chuva excessiva a extrema são justamente as regiões mais afetadas por inundações no momento, como o Centro do estado, os vales, a Grande Porto Alegre e a Serra Gaúcha.
A situação é particularmente preocupante na Serra, onde nascem vários dos rios que descem para os vales, como Caí, Paranhana e Taquari. Alguns rios que baixam lentamente, como o Taquari que desce após ter atingido 27 metros em Estrela, e outros que ainda sobem, como Caí que enfrenta uma das maiores cheias da história, tendem a se elevar com a quantidade de chuva que cai hoje e ainda cairá nos próximos dias.
Da mesma forma, o indicativo de chuva excessiva no Centro e no Norte do estado é extremamente preocupante. O Centro gaúcho é onde mais choveu até agora com volumes generalizados de 300 mm a 500 mm e por onde passa o Rio Jacuí. Além disso, haverá uma piora do quadro na Grande Porto Alegre com inundações em ainda mais pontos da área metropolitana.
No caso do Norte do Rio Grande do Sul, na região do Planalto, porque se trata da nascente do Jacuí, que já registrou chuva extrema a extraordinária nas partes intermediária e final da bacia, mas ainda não registrou chuva volumosa nas nascentes. Isso sinaliza uma piora do quadro no Centro do estado e agrava a probabilidade de uma cheia do Guaíba de maior dimensão.
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