Dengue no RS em 2024: número de mortes dobra em relação aos últimos nove anos e casos batem recorde histórico
- Andrei Nardi
- 3 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Estado confirma mais de 205 mil infecções e 281 óbitos; governo lança plano de contingência para combater aumento
O Rio Grande do Sul enfrenta em 2024 um cenário sem precedentes em relação à dengue. Em apenas 11 meses, foram registradas 281 mortes causadas pela doença, mais que o dobro das 140 ocorridas entre 2015 e 2023. Além disso, o total de casos ultrapassou 205 mil, superando em abril o acumulado dos últimos nove anos, de 125.504 casos.
Picos de mortalidade e alta vulnerabilidade de idosos
Entre março e maio, período crítico da epidemia, foram registradas 233 mortes, média de 21 por semana. Mais da metade das vítimas tinham 70 anos ou mais: 81 estavam na faixa etária de 70 a 79 anos, e 83 tinham 80 anos ou mais. Os homens representaram 51,6% das mortes.
“Foi o pior ano em termos de taxa de incidência e, como consequência, o maior número de óbitos. Isso reflete o aumento proporcional de casos confirmados”, explica Roberta Vanacor, chefe da Divisão de Epidemiologia do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS).
Fatores climáticos e aumento de criadouros
O crescimento de casos foi impulsionado por eventos climáticos atípicos, como as chuvas intensas de setembro de 2023, que afetaram mais de 100 municípios. As variações de temperatura, incluindo invernos mais quentes, favoreceram a reprodução do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
“As condições climáticas criaram novos criadouros e ampliaram o ciclo de reprodução do mosquito, o que repercutiu no aumento de casos”, acrescenta Roberta.
Apesar disso, o comportamento da doença manteve uma curva de alta até julho, como em anos anteriores. Contudo, o crescimento observado em novembro de 2023 foi um alerta para possíveis novos picos em 2024 e 2025.
Medidas de enfrentamento e plano de contingência
Em resposta à crise, o governo estadual lançou um plano de contingência para 2024-2025, estruturado em cinco estágios: normalidade, mobilização, alerta, emergência e crise. O foco está na eliminação de criadouros do mosquito e no engajamento da população e dos municípios.
“Queremos evitar que a curva de casos se acentue. Isso requer ações ambientais e a participação ativa dos cidadãos, eliminando água parada e cuidando dos arredores de suas casas”, finaliza Roberta.

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