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Especialista analisa série “Adolescência” e alerta: isolamento não pode ser naturalizado pelas famílias

  • Foto do escritor: Andrei Nardi
    Andrei Nardi
  • 8 de abr.
  • 3 min de leitura

No programa “Escuta Aqui”, da Rádio Sideral, psicóloga Jordana Calcing destaca importância da convivência familiar e do diálogo desde a infância

 

A psicóloga Jordana Calcing participou na tarde desta segunda-feira (07/04) do programa “Escuta Aqui”, da Rádio Sideral de Getúlio Vargas, para analisar os temas abordados na minissérie “Adolescência”, lançada recentemente pela Netflix. A produção, que ganhou repercussão entre profissionais da saúde mental, retrata o impacto do distanciamento familiar na adolescência e os desafios enfrentados por pais e escolas na formação de jovens.

Durante a entrevista, Jordana destacou que o conteúdo da série tem gerado discussões importantes não só entre psicólogos e pediatras, mas também entre famílias, por retratar situações comuns e, muitas vezes, naturalizadas no cotidiano. Um dos principais pontos levantados foi o isolamento dos adolescentes dentro do próprio lar, muitas vezes visto como natural por pais e responsáveis.

“O adolescente que não interage com a família e a família que não interage com ele... isso não é natural. Não é natural um adolescente que almoça e volta direto pro quarto, ou que não faz questão de estar junto em momentos familiares”, afirmou.

A especialista ressaltou que é comum na adolescência ocorrer certo afastamento dos filhos, mas que há um limite para isso, e ultrapassá-lo pode ser sinal de sofrimento emocional.

“Existe um afastamento esperado nessa fase, mas não é natural que o adolescente fique completamente isolado, que não converse com os pais ou não permita sequer que entrem no quarto.”

Uso das redes sociais e códigos de comunicação

Outro ponto abordado foi o uso das redes sociais e a linguagem codificada que muitos adolescentes utilizam, dificultando o acompanhamento por parte dos adultos.

“Às vezes, os pais veem corações coloridos nas redes sociais e acham bonito. Mas por trás disso pode haver uma situação de bullying, de ameaça ou sofrimento emocional. A comunicação entre eles tem códigos, e a gente precisa entender o que eles significam.”

Jordana destacou que, como psicóloga, muitas vezes precisa pedir que os próprios adolescentes expliquem os termos e expressões que usam. Segundo ela, compreender essa linguagem é fundamental para manter um vínculo real com os filhos.

Papel da família na formação da personalidade

A especialista reforçou que o comportamento do adolescente é resultado de uma trajetória que começa na infância, e que o diálogo precisa ser constante desde os primeiros anos de vida.

“Não se deve esperar a adolescência para conversar com os filhos. Se a criança cresce com hábitos de diálogo e convivência familiar, ela volta para isso mesmo na fase de afastamento natural.”

Ela também alertou para a ilusão de que a rotina corrida dos pais seja determinante para o distanciamento, reforçando que a qualidade do tempo compartilhado é mais relevante do que a quantidade.

Cenas marcantes e a dor das famílias

Ao comentar cenas específicas da minissérie, Jordana destacou o sofrimento dos pais diante do afastamento dos filhos e das consequências disso. Em uma das sequências finais, o pai questiona:

“Como ela saiu de nós?”, em referência à diferença entre os dois filhos. A mãe responde: “Da mesma forma que ele.”

Para Jordana, a frase sintetiza a culpa e o sentimento de falha que muitas famílias carregam.

“Nenhuma família deseja ter um filho que se perde. Mas muitas vezes os pais também estão sofrendo, desorganizados emocionalmente, e precisam ser acolhidos, não apenas culpabilizados.”

Escolas e bullying: um alerta complementar

A psicóloga também chamou atenção para o papel das escolas na identificação de comportamentos de risco e no acompanhamento emocional dos alunos. Ela relatou que a série retrata uma instituição de ensino sem estrutura para lidar com os conflitos dos adolescentes, refletindo uma realidade presente em muitas escolas do país.

“Bullying é uma questão muito presente. E na série, embora apareça de forma sutil, a gente percebe o quanto ele contribui para o sofrimento do personagem principal.”

Como reverter o afastamento familiar?

Para Jordana, romper ciclos de silêncio e reaproximar os filhos exige um processo gradual e contínuo.

“É preciso propor momentos que mostrem ao adolescente que estar com a família pode ser prazeroso. Começar com atividades simples e curtas, e ir aumentando aos poucos o tempo de convivência.”

Reflexões finais e contato com a especialista

Encerrando a entrevista, a psicóloga reforçou que a série é um ponto de partida importante para refletir sobre relações familiares, sofrimento psíquico, bullying, redes sociais e o papel da escola na formação dos adolescentes.

A minissérie “Adolescência” está disponível na Netflix e pode ser assistida como uma ferramenta para ampliar o debate sobre saúde mental. Jordana Calcing atende em Getúlio Vargas e pode ser contatada pelas redes sociais ou pelo WhatsApp: (54) 99102-8036.

Escuta Aqui | 07/04/2025 - Especialista analisa série “Adolescência” e alerta: isolamento não pode ser naturalizado pelas famílias

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