Sete cardeais brasileiros poderão votar na escolha do novo papa após a morte de Francisco
- Andrei Nardi
- há 18 minutos
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Conclave será realizado em até 20 dias e reunirá 138 cardeais com menos de 80 anos em votação secreta no Vaticano
Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira (21/04), a Igreja Católica entra no período de preparação para o Conclave — processo fechado que definirá o novo pontífice. De acordo com as normas canônicas, a votação que escolhe o próximo papa deve ocorrer entre 15 e 20 dias após a vacância da Sé Apostólica, prazo que permite a chegada de todos os cardeais eleitores a Roma e a realização das chamadas Congregações Gerais.
No total, o Vaticano informou que 138 cardeais têm menos de 80 anos e, por isso, estão aptos a votar. Entre eles, sete são brasileiros. Embora o Brasil tenha atualmente oito cardeais, apenas sete atendem ao critério etário estabelecido.
Além da participação no Conclave, o Colégio dos Cardeais se reúne para tratar de assuntos inadiáveis da Igreja durante o período de transição, mesmo antes da eleição. Os cardeais com mais de 80 anos, embora não tenham direito a voto, são convidados a participar dessas discussões preparatórias.
O que é o Conclave e como funciona
A palavra Conclave tem origem no latim cum clavis, que significa “fechado à chave”. O nome expressa a natureza reservada e sigilosa do processo: os cardeais votantes ficam isolados dentro da chamada “zona de Conclave”, geralmente a Capela Sistina, e não têm contato com o mundo exterior até que o novo papa seja escolhido. Durante esse período, é feito um juramento de sigilo absoluto, válido mesmo após o encerramento da eleição.
A eleição é realizada em sessões de votação chamadas escrutínios, podendo ocorrer até quatro votações por dia. O nome do novo papa precisa ser aprovado por dois terços dos cardeais presentes — neste caso, ao menos 92 dos 138 eleitores. Após cada votação, as cédulas são queimadas em uma chaminé especial. A cor da fumaça indica o andamento do processo: fumaça preta significa que não houve escolha; fumaça branca anuncia que o novo papa foi eleito.
Caso os primeiros escrutínios não levem a uma definição, o processo é repetido em ciclos até que um cardeal obtenha o número necessário de votos. Não há limite pré-definido de dias, e o Conclave só termina com a proclamação do novo pontífice.
Brasileiros entre os eleitores
O Brasil, maior país católico do mundo em número de fiéis, conta com sete representantes aptos a votar no Conclave. São eles:
Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, 65 anos
Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), 64 anos
Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos
Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos
Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos
João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos
Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos
O único cardeal brasileiro que não poderá participar da votação é Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, com 87 anos. Ele ultrapassa o limite de idade estabelecido para participar da eleição, mas deverá compor o grupo que acompanhará as discussões preliminares do Colégio dos Cardeais.
Preparativos antes da votação
Antes do início do Conclave, todos os cardeais — eleitores e não eleitores — participam das Congregações Gerais, reuniões em que se discutem os desafios da Igreja, o perfil desejado para o novo papa e outros temas considerados urgentes. É também nesse período que se decide a data de início do Conclave.
Durante essa fase preparatória, os cardeais ficam hospedados na Casa Santa Marta, dentro do Vaticano, e têm seus deslocamentos e comunicações monitorados para evitar qualquer tipo de influência externa. A Capela Sistina é isolada e verificada contra escutas e dispositivos eletrônicos antes do início da votação.
Após a eleição
Quando um cardeal atinge o número mínimo de votos, é perguntado se aceita a eleição. Caso aceite, ele escolhe o nome papal pelo qual será conhecido. O anúncio é feito ao público pela famosa frase “Habemus Papam” (“Temos um Papa”), proferida pelo cardeal protodiácono. Em seguida, o novo pontífice faz sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro.
Até lá, a Igreja permanece sob a administração provisória do Colégio dos Cardeais, e nenhuma decisão estrutural pode ser tomada. O mundo católico, enquanto isso, acompanha em expectativa o desenrolar de um dos ritos mais antigos e sigilosos da instituição.

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