[ÁUDIO] Descanso e saúde mental: psicóloga Jordana Calcing alerta para a importância de pausas no trabalho e um sono de qualidade (Escuta Aqui | 16/09/2024)
- Andrei Nardi
- 18 de set. de 2024
- 4 min de leitura
Psicóloga destaca como a falta de descanso adequado impacta diretamente na saúde mental e produtividade, além de oferecer estratégias para melhorar o bem-estar
Na segunda-feira (16), no programa Escuta Aqui, da Rádio Sideral, a psicóloga Jordana Calcing discutiu a importância do descanso e das pausas regulares no ambiente de trabalho e no cotidiano. Jordana explicou que o cansaço crônico e a falta de atenção às pausas necessárias podem gerar sérios impactos na saúde física e mental das pessoas.
A sociedade do cansaço: um alerta para a rotina moderna
Ela iniciou sua participação mencionando que o ritmo de vida atual tem levado muitas pessoas a um esgotamento mental profundo. “Vivemos na chamada ‘sociedade do cansaço’, onde a maioria se descreve como cansada, esgotada e sem energia. Isso afeta nossa capacidade de produzir, nossa qualidade de vida e até nossa saúde física e mental”, disse.
Ela reforçou que, apesar de muitas vezes se ter a impressão de estar descansando, como ao dormir por várias horas, as pessoas ainda relatam acordar cansadas. Segundo a psicóloga, isso é um sinal de que o descanso não está sendo adequado ou suficiente para restaurar as energias.
A importância das pausas durante o trabalho
Além do sono, a psicóloga enfatizou a relevância de pequenas pausas durante o dia para evitar o acúmulo de cansaço. Estudos apontam que intervalos curtos, como uma caminhada no ambiente de trabalho ou até mesmo uma pausa para tomar um café, podem ser decisivos para retomar a concentração e manter a produtividade. “Nosso cérebro tem um limite de capacidade de concentração. Quando esse limite é atingido, a produtividade cai, e o cansaço mental começa a se acumular”, alertou Jordana.
Ela exemplificou com o caso das crianças nas escolas, que têm diferentes disciplinas ao longo do dia, alternando matérias como português e matemática. “Isso acontece porque são regiões diferentes do cérebro que são ativadas para cada tipo de atividade. O mesmo deveria ocorrer no ambiente de trabalho: alternar tarefas pode ajudar a manter a mente ativa e reduzir o cansaço”, explicou.
O impacto do cansaço na saúde física e mental
Um ponto que Jordana destacou foi o aumento do risco de acidentes de trabalho em situações de fadiga extrema. Quando uma pessoa passa muito tempo realizando uma mesma atividade, especialmente tarefas repetitivas, a atenção diminui e os riscos de acidentes aumentam. Ela ressaltou que o “fazer no automático”, sem o devido descanso, pode levar a consequências graves. “Pesquisas mostram que quando o colaborador não faz pausas regulares, os acidentes de trabalho se tornam mais comuns, às vezes até fatais.”
Outro efeito do cansaço crônico é a perda de concentração e memória. Jordana explicou que o esgotamento mental afeta diretamente a capacidade de focar nas atividades diárias, o que pode causar lapsos de memória e dificuldades de atenção. Além disso, sintomas como irritabilidade, dores de cabeça e dores musculares são comuns em quem sofre de cansaço prolongado.
Qualidade do sono e ambiente de descanso: fatores decisivos para o bem-estar
Jordana também abordou a importância da qualidade do sono. Não basta apenas dormir; é necessário entrar em um estágio de sono reparador, algo que muitas pessoas não conseguem devido ao estresse acumulado. “Dormir sem descansar adequadamente é um sintoma muito comum entre pessoas com altos níveis de estresse. Elas dormem, mas acordam tão cansadas quanto antes”, relatou a psicóloga.
Outro ponto relevante é o ambiente de descanso. Um local desorganizado, barulhento ou sujo pode interferir diretamente na capacidade de relaxar e descansar. Jordana destacou que isso vale tanto para o ambiente de trabalho quanto para o espaço em casa. “Ambientes poluídos e caóticos aumentam a sensação de esgotamento. No trabalho, por exemplo, aqueles escritórios com baias abertas, onde todos ouvem as conversas alheias, são extremamente desgastantes”, comentou.
Estratégias para amenizar o cansaço no dia a dia
Ao final da conversa, a psicóloga ofereceu algumas dicas práticas para quem busca maneiras de aliviar o cansaço mental e físico. Ela sugeriu atividades relaxantes, como ouvir música, tomar um chá ou caminhar ao ar livre, como formas de descanso que podem ajudar a oxigenar o cérebro e reduzir o estresse. “Atividades simples como mexer com plantas ou colocar os pés na grama podem ser extremamente relaxantes. Cada pessoa precisa encontrar aquilo que lhe proporciona bem-estar”, afirmou.
Por fim, a psicóloga ressaltou que é importante não ignorar sinais de cansaço prolongado e buscar ajuda médica quando necessário. “Cansaço excessivo e prolongado não é normal. Se isso começar a interferir na sua qualidade de vida ou nas relações com outras pessoas, é hora de procurar um médico”, concluiu.
Jordana Calcing também destacou que doenças como distúrbios do sono, transtornos de tireoide, depressão e até carências nutricionais, como a falta de vitamina D e B12, podem estar por trás do cansaço extremo. Por isso, é fundamental realizar exames e, se necessário, buscar tratamento médico adequado.
A produtividade atrelada ao descanso
Dados mencionados por Jordana indicam que o descanso adequado pode aumentar a produtividade em até 26%. Além disso, 93% dos líderes empresariais já reconhecem a necessidade de cuidar do bem-estar mental dos funcionários, visando melhorar a performance e reduzir o número de acidentes e licenças médicas. “Pessoas descansadas são mais produtivas, adoecem menos e se acidentam com menos frequência”, afirmou.
Ouça a entrevista completa:
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