[ÁUDIO] Especialistas apontam crescimento alarmante de casos de Alzheimer e reforçam a importância do diagnóstico precoce e do apoio familiar (Escuta Aqui | 23/09/2024)
- Andrei Nardi
- 24 de set. de 2024
- 4 min de leitura
Previsões indicam que até 2050 o número de casos da doença triplicará, enquanto 80% dos pacientes ainda não são diagnosticados no Brasil. A conscientização e o tratamento precoce são fundamentais
No último sábado, 21 de setembro, foi celebrado o Dia Mundial e Nacional de Conscientização sobre o Alzheimer, data voltada a aumentar a visibilidade e o conhecimento sobre a doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Em discussão no programa de rádio local, a psicóloga Jordana Calcing trouxe informações atualizadas sobre o avanço da doença, destacando a necessidade urgente de diagnóstico precoce e tratamento adequado para retardar seus sintomas e garantir uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
Previsões indicam triplicação de casos até 2050
Segundo estudos recentes citados por Calcing, as previsões sobre o Alzheimer são alarmantes: até 2050, o número de casos deve triplicar globalmente, o que reforça a importância de medidas preventivas e de conscientização para lidar com a doença. “Hoje, cerca de 80% dos brasileiros que sofrem de Alzheimer ainda não têm o diagnóstico adequado”, explicou a psicóloga. Isso significa que grande parte dos pacientes não recebe tratamento nas fases iniciais da doença, o que poderia retardar a evolução dos sintomas.
A doença de Alzheimer é caracterizada pela deterioração progressiva das funções cognitivas, especialmente da memória, e pode levar à perda de habilidades básicas de convivência e autonomia. Embora seja mais comum em pessoas idosas, a psicóloga fez questão de desmistificar a ideia de que o Alzheimer é uma condição inevitável do envelhecimento. “Nem todos que envelhecem desenvolvem Alzheimer”, ressaltou, destacando que é uma doença de caráter neurocognitivo e não uma simples consequência do avanço da idade.
Diagnóstico e tratamento precoce são essenciais
Durante a entrevista, Jordana Calcing enfatizou que a detecção precoce da doença é crucial para o sucesso do tratamento, que visa controlar e retardar o agravamento dos sintomas. “Quanto mais cedo o paciente começa o tratamento, melhores são as chances de manter uma vida funcional por muitos anos, até mesmo durante toda a vida, em alguns casos", afirmou.
O Alzheimer ainda não tem cura, mas há tratamentos que ajudam a controlar os sintomas. Eles incluem o uso de medicações e terapias neurocognitivas, que podem ser eficazes na melhora da qualidade de vida do paciente, especialmente quando o diagnóstico é feito em estágios iniciais. Além disso, práticas cotidianas simples como manter o cérebro ativo, realizar atividades físicas regulares e manter uma vida social podem retardar o surgimento dos sintomas.
Importância do apoio familiar no manejo da doença
Outro ponto de destaque foi a relevância do papel da família no acompanhamento de pacientes com Alzheimer. Calcing alertou que os familiares enfrentam grandes desafios ao lidar com a evolução da doença, pois, além das perdas cognitivas, o paciente pode apresentar mudanças comportamentais como agitação, agressividade e até alucinações, principalmente em fases mais avançadas.
“Entre 70% e 90% dos pacientes com Alzheimer vão, em algum momento, apresentar sintomas comportamentais, como agressividade, depressão, delírios e alucinações. Isso afeta diretamente a dinâmica familiar”, afirmou. Para lidar com esses sintomas, a psicóloga orienta que os familiares mantenham a calma, evitem confrontos diretos com o paciente e se esforcem para compreender a realidade em que ele está inserido. “Discutir ou tentar corrigir o paciente em momentos de confusão ou delírio só aumenta a frustração e a agitação. O ideal é acolher a pessoa e lidar com esses episódios com paciência”, explicou.
A importância de uma rotina estruturada
Estabelecer uma rotina clara e estruturada é uma das melhores formas de ajudar o paciente a se manter mais tranquilo e organizado. Atividades diárias como caminhar, fazer pequenas tarefas domésticas ou jogar jogos de memória são recomendadas para estimular o cérebro e preservar a saúde mental. “Tarefas simples, como cozinhar ou cuidar de um animal de estimação, são essenciais para manter o idoso mentalmente ativo. A inatividade é um fator de risco para a aceleração da doença”, destacou a psicóloga.
O sedentarismo e a perda auditiva são fatores de risco para o desenvolvimento de demências, incluindo o Alzheimer. Assim, a prática de exercícios físicos e o uso adequado de aparelhos auditivos em casos de perda de audição são medidas importantes para a prevenção.
A importância da prevenção e do acompanhamento profissional
Embora as causas exatas do Alzheimer ainda não sejam conhecidas, alguns fatores de risco já foram identificados, como o histórico familiar da doença. "Sabemos que o Alzheimer tem um componente hereditário. Se há casos na família, o risco aumenta", alertou Calcing. No entanto, ela ressaltou que a medicina ainda não determinou com precisão as causas exatas da doença, e hipóteses como depressão não tratada ou traumas cranianos na juventude também estão sendo investigadas.
O apoio psicológico, tanto para o paciente quanto para os familiares, também foi destacado como um fator essencial no tratamento. “O acompanhamento psicológico ajuda a pessoa diagnosticada a entender o processo que está vivendo e também auxilia a família a se organizar para lidar com a evolução da doença”, concluiu a psicóloga.
A psicóloga também reforçou a necessidade de se investir em uma vida ativa, tanto fisicamente quanto cognitivamente, para prevenir ou retardar o aparecimento dos sintomas. “Manter uma alimentação saudável, praticar esportes e garantir boas noites de sono são ações que podem contribuir significativamente para a prevenção do Alzheimer”, destacou.
Ouça a entrevista completa:
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